Aqui vou publicar alguns poemas, histórias e não só, criados pela minha mãe

sexta-feira, 27 de março de 2015

O Dinheiro


Dinheiro Vil metal
És poderoso e imundo
Tu tens uma força tal
Pois tu governas o mundo

Por ti se rouba e se mata
Famílias em desunião
Há as guerras, há a fome,
Um mundo em confusão

É fácil atirar a culpa
Para alvo que não tem voz
Afinal os culpados
Não seremos todos nós?

Ambição e vaidade
Que existe dentro do homem
Por ele lutam trabalham
Pelo dinheiro se consomem

Levam a vida toda
Preocupados com o ter
Esquecendo a melhor parte
Lutar para melhor ser

Não há melhor riqueza
Que ser rico em amor
O dinheiro sim faz falta
Mas não deixar que ele seja
O nosso dono e senhor

Até que chega o dia
Que acabam as utopias
Morrem não levam nada
Vão para Deus de mão vazias

Há outros valores da vida
Que não se deve descurar
Que é pela paz e amor
Por eles se deve lutar

Maria de Jesus






quarta-feira, 25 de março de 2015

A Vida


A vida, o que é a vida?
Algo que não sei dizer
Sei que custa a passar
Quando se está a sofrer

Mas se a vida nos sorri
Quando tudo corre bem
 Ela é bela, é formosa
 Muito curta também

Portanto, tu vive a vida
Da maneira que poderes
Vivendo com humildade
Rejeitando vãs prazeres

Ama para seres amado
Dá, para também receberes
Desvia-te do que é pecado
Verás como é bom viver
Maria de Jesus

segunda-feira, 23 de março de 2015

Encontro de duas primas



> Olá prima Bia tás boa? Há tante tempe que nã te prantava a vista em cima, já tinha precurado por ti à prima Anequinha do "pouca roupa", ela disse que há munto tempe que nã te via.

> Pois é prima Sarafina , sabes, há uma remessa de tempe que nã vinha ao Povo; pôs eu tenho tado munto doenti, nã posso quemer quasi nada, fico logo com umas agasturas e almariações nos cornos, na posso bêr lête, quemida que leve azête e venagre. Agora tu filha duma magana tás gorda que nam uma porca!

> Oh filha do diabe tás a chamar-me de porca?... Mas é verdade, desde que mê hóme foi p'ra  França tenho tido uma vida regalada, ele tem mandado bom dinheirinho; Graças ao Pai do Céu, com o que ele manda tamem o dinheiro das alfarrobinhas, olha forri para comprar a casa da prima Farrobinha.  Alembraste-te da casa? Sabes ela já merreu, os filhos nâ querem saber daquilo e vendem, e como fica ao pé da minha terra da Cabeça da Aguida mê hóme quer que eu compre, só tou à espera que ele venha.

> Ah, ainda bem! Dês queira que tenhas sorte, isto a minha vida desde que a roda desandou tem sido só aponquentações, as vézes fico mesmo marafada, nã basta eu nã ter saúdi se não meu hóme ainda em cima.

> 'dés prima gostei munto de te veri, dá soidades ao teu hóme e molhoras aos dôs, tem lá paciença.
Dês Nosso Senhor te ajude.

© Maria de Jesus (Bi Ju)


Os erros ortográficos são propositados, para que seja lido com sotaque Algarvio. As pessoas de Paderne antigamente falavam assim, apesar que  no interior Algarvio ainda se encontra quem mantenha este modo de falar.

sábado, 21 de março de 2015

A história de uma menina


As horas custam a passar,
numa noite de insónia

na vida me pus a pensar,
então fiz uma história
Era uma vez uma menina, feliz e descuidada
fugindo e saltitando, sobre as pedras da calçada
Ela era muito alegre, também era bonita
tudo lhe ficava bem, mesmo os vestidos de chita
Ela também foi à escola,
pois gostava de saber

depressa ela aprendeu,
muito gostava de ler
palma
Gostava muito de brincar,
num jogo que era o manecas

também fazia o jantar,
para si e para as bonecas
As bonecas eram de trapo, feitas pela sua mãe
as pernas eram de palma, os braços também
Mas ela gostava delas, tratava-as com amor
tinham vestidos bonitos, todos de linda cor
Não tinha brinquedos caros,
nada disso a entristecia

arranjava solução
com a sua fantasia
Dos cacos dos pratos partidos,
era o seu trem de cozinha

achava-os muito bonitos,
pois melhor ela não tinha
Mas um dia que surpresa,
seu pai lhe dá uma boneca
bonita de papelão,
abraçou-se logo a ela,
bem junto ao seu coração
Mais tarde essa boneca,
foi para outra bonequinha
seus pais lhe deram também,
que foi sua irmãzinha
Entre afagos e carinhos, e a Divina Providencia
Assim passaram os anos, chegou a adolescência
Essa idade tão bonita, idade da ilusão
O dia aconteceu de ter sua paixão
Começou então a namorar,
com os pais contrariados
quatro anos que durou

mas muito atribulados
Meus pais, Maria de Jesus e Silvestre Brito Caetano
Como o amor sempre vence,
veio o dia desejado,
de unir o seu destino,

ao seu querido amado
Pelo braço do seu pai,
a noiva vai caminhando
pois junto ao altar
seu noivo está esperando
Ele ao vê-la tão bonita,
toda de branco vestida
transmite no seu olhar
que amá-la-á toda a vida
Fazem então a promessa,
junto ao altar do Senhor
que quer no bem ou no mal,
não morrerá o amor
Não teve lua de mel,
que a vida não permitia

Mas guardou a ilusão
de a vir ter um dia
E foi na Ilha da Madeira, num acolhedor Hotel
que após 45 anos, teve a lua de mel

Esse dia tão feliz ela guarda na memória
mas como nos contos de fada assim acaba a história


Só que a história não acabou
agora é um drama...
eu estou aqui convosco
meu marido está na cama...
© Maria de Jesus 

Esta é uma história da vida da minha mãe, vivida e contada à sua maneira... acabei de encontrar uma parte  da continuação desta história (últimos versos que adicionei) só falta o final....
Meu pai teve a doença de Alzheimer, tão difícil de entender, esqueceu de tudo, até como comer, minha mãe sempre ao seu lado, ficou até ao fim, pelo bem e pelo mal, a vida é assim, mas fica a memória de um amor bem vivido, nem todos têm essa sorte, é o que sempre lhe digo... por vezes a minha mãe ainda o sente, porque para ela, ele está sempre presente no coração e também na sua mente.
Elia

 

Namoro do Sol com a Lua

No dia 11 de Agosto de 1999, houve um encontro importante
foi do sol com a lua, face a face por um instante

Foi um namoro ligeiro, não sei o que eles disseram
Só sei que mexeu com todos, foi o que eles fizeram

Pôs todos de nariz no ar, para ver o que acontecia
Qual seria o resultado, isso ninguém sabia

Deixou países ás escuras, foi um beijo prolongado
Não sabemos o que combinaram... se combinaram noivado

Há quem diga que novo encontro será em 2005
Ai os homens o que dizem, com estas coisas não brinco

autora do poema- Maria de Jesus (minha mãe)


eclipse