Aqui vou publicar alguns poemas, histórias e não só, criados pela minha mãe

segunda-feira, 20 de julho de 2015

Corrupção

Os média estão felizes
com esta noticia de arromba
descobrem a pedofilia
rebenta que nem uma bomba

O povo que gosta disto
escutam com avidez
pois está mais que visto
Assunto p'ra mais um mês

É assim que o mundo está
não há juízo nem vergonha
maldade e corrupção
prolifera que nem peçonha

É bom que haja justiça
mas justiça a valer
para que para o futuro
nada tenhamos que temer

Maria de Jesus

Creio que este poema foi escrito durante os casos da Casa Pia há uns anos atrás, que depois revelou muitos outros casos de pedofilia pelo mundo fora. Com todo o tipo de pessoas envolvidas, desde famosos, políticos, padres e bispos.
Lembrei-me de publicar este poema hoje. Infelizmente, de novo nas noticias, mais suspeitas destes tristes casos, sendo desta vez de novo a igreja (ou seja os padres) no centro das acusações.
A minha mãe que foi sempre muito religiosa, foi professora de catequese e cantava no coro da igreja, era das coisas que lhe custava mais ouvir... a pedofilia é sempre triste, mas quando toca a padres que supostamente deveriam ser bondosos e "puros" e pregam a palavra de Deus, torna tudo ainda mais grave. Por isso é que os padres deveriam poder casar e fazer a vida deles dizia a minha mãe por fim, são homens normais com um trabalho, não deveriam ser louvados como se fossem Deus (concordo a 100%), por baixo da batina são como outro qualquer...
homens pecadores.
Elia Silva

sexta-feira, 3 de julho de 2015

Dedicados à minha cunhada São

À minha segunda mana
és tu ó Conceição
Não somos irmãs de sangue
mas somos do coração

Lembras-te daquele dia,
que chorar te apetecia?
não por estares triste
mas sim, de muita alegria!

E assim como tu eu estava,
chorar contigo eu quis
abraçamos uma à outra
acredita, chorei feliz

É assim minha amiguinha
coisas que passa na vida
chorar alegre na chegada
chorar triste na partida.

Maria de Jesus

segunda-feira, 29 de junho de 2015

Um dia na praia

Desponta a manhã
o sol já aquece
um banho no mar
tanto que apetece

E porque é verão
em férias já estamos
pegamos no carro
alegres, lá vamos

Cheguei à praia
quase não há lugar
mas pouco me importa
quero é nadar

Com este calor
sabe-nos tão bem
mergulhar na agua
é o que nos convém

Depois do mergulho,
vejam lá bem
às minhas costas
eu trazia alguém

Eu servi de prancha,
até foi engraçado
fartamo-nos de rir
disse-me obrigado

Depois precisava
de me ir secar
mas para me estender
não havia lugar

Então que fazer
pus-me a pensar...
vou mas é para casa
para ir descansar

Maria de Jesus
(história verdadeira)
Escrito a 2 Agosto 1991

Este poema foi escrito tal como diz o poema, após uma ida à praia, com um acontecimento muito particular.
A minha mãe que mal sabe nadar, mas dava mergulhos (à sua maneira), quando vinha uma onda, tapava o nariz abaixava-se dobrando os joelhos e depois levantava-se de novo e assim se molhava toda... só que nesse dia junto à onda veio alguém também. Foi um episódio engraçado, que ficou na memória e deu para rir por uns dias cada vez que contava a história.
Elia


domingo, 21 de junho de 2015

Verão 1998

À sombra d'um pinheiral
vou fazer a minha sesta
depois de um bom almoço
não há vida como esta

O dia está bem quente
convida-nos ao lazer
depois de um banho no mar
não há melhor a fazer

A vida tem coisas boas
precisa é saber viver
aproveitando os momentos
das coisas que nos dão prazer
Maria de Jesus

Hoje fui à festa no lar onde a minha mãe está "hospedada", foi a festa dos Santos Populares.  
Havia um acordeonista que tocava aquelas musicas populares que a minha mãe sempre adorou, mal começava uma musica, começava ela logo a abanar a cabeça e a pedir para dançar, para espanto de toda a gente, dançou a tarde toda, ora comigo ora com a minha tia com as funcionárias e com todas que lhe fossem buscar, era preciso é dançar. Num instante dizia estar cansada mas mal se sentava e ouvia outra musica começava ela a bater na mesa tipo bateria e depois... bora lá dançar dizia ela. Pode não parecer nada em especial dizer que dançou toda a tarde, mas para quem tem a coluna toda enrolada, as pernas sem conseguir endireitar, sempre dobradas pelos joelhos... sim é de admirar! E admiro-a muito e tenho muito orgulho na minha mãe e a força de vontade que ela tem.
Já para o fim da tarde, com o cansaço a pesar a mente também já lhe pregava truques (?), dizia para eu ir buscar o meu pai para dançar... Eu disse-lhe "oh mãe o pai está aqui connosco no nosso coração, a ver-nos do céu" confusa e depois conformada continuava a dançar mas disse-me isto umas 3 vezes... e cada vez que eu lhe dizia que ele já havia falecido ela dizia, "ah é verdade! Mas parecia que estava a vê-lo ali... O que me fez pensar, será que ela o via por lá?
Elia 


terça-feira, 16 de junho de 2015

À minha neta Janete

Pequenina e mimosa
como flor em botão
frágil como uma rosa
enternece meu coração

Ela chama-se Janete
seu nome lindo também,
ela é minha netinha
amo-a como ninguém

Quando a tenho nos meus braços
O seu corpinho querido
esqueço tudo que é mau
tudo o que tenho sofrido

Deus te guarde querida
pela tua vida fora,
das agruras da vida
como as que sinto agora

Maria de Jesus


Hoje vou partilhar este poema que é dedicado à minha sobrinha Janete, que hoje faz 32 anos. Muito tempo já passou desde os tempos em que passava os fins de semana com a avó, ainda me parece que foi ontem que eu a ia descobrir sentada na cama da minha mãe de perninhas cruzadas a brincar com o guarda joias da minha mãe, despejando tudo que estava lá dentro por todo lado, que feliz que ela ficava se enfeitando com as bijuterias todas. E a minha mãe toda feliz de a ver se divertindo com suas coisas.
Parabéns Janete, que contes muitos e felizes anos, é de certeza o que a avó te diria se estivesse perto de ti... além de muitos beijinhos e abraços apertados ;) que é o que ela mais gosta, sempre foi assim.  Ela adora-te, não te esqueças disso.



quinta-feira, 21 de maio de 2015

Impotência

Quando é a nossa mãe
Um ano e outro a sofrer
Muito custa de a ouvir queixar
Sem nada poder fazer

Hoje ela me disse,
Quanto tempo vai durar?
estou cansada desta vida...
Eu disse para a acalmar,
Paciência mãe querida,
que logo vai passar... (palavras minhas)

Eu faço aquilo que posso
Para o conforto do corpo
Mas para o que ela sofre
Eu penso que faço pouco

Peço ajuda ao Senhor
Só Ele nos pode valer
Que a mim me dê coragem,
Que ela deixe de sofrer.

Maria de Jesus

Faço das palavras da minha mãe (que na altura foram para a mãe dela) agora as minhas. Agora é ela que sofre, pois já está na fase da morfina. Custa tanto ver o estado em que nós podemos chegar, sendo nossa mãe, sem nada puder fazer, apenas a confortar e claro a abraçar, mas eu só conseguia chorar da tristeza de a ver assim, ela estava num estado que ainda não tinha visto, com um lado da cara e um olho inchado, as costas todas curvadas e as dores ao mexer para se deitar! ...(curiosamente no dia seguinte já estava melhor :) Mas ainda assim, ainda conseguiu dar um ar da graça dela; como eu estava a chorar, caiu uma lágrima em cima da mão dela, e ela perguntou que é isto a minha baba? A senhora directora do lar estava lá no quarto também e respondeu que sim (para ela não saber que eu chorava), e a minha mãe fez um gesto tipo "ai estás velha!" para ela própria, com um ligeiro sorriso... até me fez sorrir da maneira que ela disse, e é assim temos mesmo que aproveitar todos momentos e tirar partido dos bons dentro dos maus.
Elia Silva

segunda-feira, 18 de maio de 2015

Os nossos passeios de Domingo com os compadres Silva

Reunimo-nos aos fins de semana
Com alguma regularidade
Com os compadres amigos
em franca fraternidade

São Domingos bem passados
nos passeios que nós damos
respiramos ar puro
neste Portugal que amamos

Por montes e vales
No meio de tanta beleza
descobrindo as maravilhas
de nossa mãe natureza

Parando aqui e além
para olhar a paisagem
nossos olhos se extasiam
guardando a bela imagem

Quando chegar a hora
de lanche habitual
é na toca do coelho
para um lanche original

Assim termina o domingo
alegre e bem passado
quando regressamos a casa
traz-se o espírito renovado.
Maria de Jesus